Morte de Professora em Curitiba Leva Sindicato a Iniciar Greve Contra Pressão por Metas
Pressão, sobrecarga e burocracia: a morte de uma professora em Curitiba escancara a crise silenciosa que adoece educadores em todo o país.

A morte da professora Silvaneide Monteiro Andrade, ocorrida em 30 de maio de 2025 dentro do Colégio Estadual Cívico-Militar Jayme Canet, em Curitiba, gerou comoção e protestos por parte da comunidade escolar. Silvaneide sofreu um infarto fulminante após ser cobrada pelo cumprimento de metas relacionadas ao uso de plataformas digitais de ensino. Em resposta, a APP Sindicato anunciou uma "greve de plataformas", suspendendo o uso dessas ferramentas entre os dias 2 e 6 de junho como forma de protesto contra as condições de trabalho e as metas consideradas excessivas impostas pela Secretaria de Estado da Educação (Seed).
A oposição na Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) também reagiu, com o deputado estadual Arilson Chiorato (PT) protocolando um pedido formal à Seed para esclarecimentos sobre a morte da professora e denunciando a pressão exercida sobre os profissionais da educação. O deputado Professor Lemos (PT) manifestou pesar e destacou a gravidade da situação, ressaltando a necessidade de um ambiente escolar saudável e seguro.
A Secretaria de Estado da Educação emitiu uma nota lamentando o ocorrido e informou que uma equipe de apoio psicológico foi encaminhada à escola para oferecer suporte a estudantes, professores e servidores. A Polícia Científica do Paraná está investigando as circunstâncias da morte, e a Seed aguarda o laudo com as causas para evitar conclusões precipitadas.
A APP Sindicato programou uma assembleia estadual para o dia 7 de junho, na qual serão avaliados os próximos passos da mobilização e a possibilidade de uma paralisação mais ampla. A entidade também defende a realização de atos de "memória e denúncia" em homenagem à professora Silvaneide e em protesto contra as condições de trabalho nas escolas públicas do Paraná.
A morte da professora Silvaneide Monteiro Andrade evidencia uma realidade alarmante enfrentada por muitos educadores no Brasil: a crescente burocratização da docência e a sobrecarga de trabalho. A imposição de metas rígidas, muitas vezes desvinculadas das realidades escolares, e o uso intensivo de plataformas digitais têm transformado a prática docente em uma atividade extenuante e desumana.
Pesquisas recentes indicam que 71% dos professores brasileiros estão estressados devido à sobrecarga de trabalho. Além disso, 66% já precisaram se afastar por problemas de saúde relacionados ao trabalho, como ansiedade, estresse e insônia. A síndrome de Burnout, caracterizada pelo esgotamento físico e emocional, atinge aproximadamente um terço dos professores da educação básica.
A estrutura das escolas também contribui para esse cenário. Muitos professores atuam em instituições sem bibliotecas ou laboratórios, enfrentam turmas superlotadas e acumulam funções administrativas. A média de alunos por professor é elevada, e muitos docentes trabalham em mais de uma escola para complementar a renda.
Essa realidade aponta para a necessidade urgente de repensar as políticas educacionais, priorizando a saúde mental e o bem-estar dos profissionais da educação. É fundamental que as autoridades reconheçam e valorizem o trabalho dos professores, proporcionando condições adequadas para o exercício da docência e evitando que tragédias como a ocorrida com a professora Silvaneide se repitam.
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