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Virgem da Lapa - MG,07/06/2025

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Alfabetizar é urgente: por dentro da formação que quer mudar a base da educação no Brasil

Rede Nacional de Alfabetização reúne articuladores de todo o país em formação inédita e aposta em cooperação e estratégia para garantir que toda criança brasileira aprenda a ler até o 2º ano do fundamental.


Alfabetizar é urgente: por dentro da formação que quer mudar a base da educação no Brasil

Num país onde quase metade das crianças do 2º ano do ensino fundamental ainda não lê e escreve com fluência, a alfabetização precisa deixar de ser uma promessa e se tornar uma prioridade prática. É justamente com essa urgência que o Ministério da Educação (MEC) deu início, nas últimas semanas, a um movimento que pode transformar a forma como se ensina a ler e escrever no Brasil. Trata-se do ciclo de formação para os articuladores estaduais, municipais e regionais da Rede Nacional de Articulação da Alfabetização (Renalfa), uma engrenagem essencial no grande projeto batizado de Compromisso Nacional Criança Alfabetizada.

O nome é extenso, e a ambição é ainda maior: garantir que 100% das crianças brasileiras estejam alfabetizadas ao final do 2º ano até 2030. Um objetivo ousado, mas necessário – e, para alcançá-lo, o MEC sabe que não basta distribuir livros e esperar resultados. É preciso formar quem forma, apoiar quem está na linha de frente, dar direção a quem guia as redes de ensino em cada canto do país. Foi assim que nasceu a proposta de capacitar articuladores, essas figuras estratégicas que operam como elos entre o governo federal, as secretarias de educação e os professores nas salas de aula.

A formação começou presencialmente em Brasília, reunindo cerca de 500 representantes de todo o país. O encontro, que durou três dias, foi muito mais do que uma capacitação técnica: foi um chamado à mobilização nacional. Em vez de meras apresentações burocráticas, os participantes foram imersos em debates profundos sobre metodologias de ensino, equidade educacional, uso de dados para tomada de decisão e estratégias de cooperação intergovernamental. Em cada roda de conversa, ficava claro o mesmo sentimento: alfabetizar não é tarefa de um só. É missão coletiva.

A coordenadora-geral da Renalfa, Marise Nogueira, explicou que a rede foi pensada como um organismo vivo, capaz de articular e acompanhar as políticas de alfabetização em todos os níveis – da União até o chão da escola. Segundo ela, esses articuladores vão atuar como "ponte e bússola", ajudando os municípios a implementar o programa de forma contextualizada, respeitando as especificidades locais, mas sem abrir mão da qualidade técnica e dos objetivos comuns.

E não se trata apenas de boa vontade. O MEC está investindo pesado nessa frente. São R$ 1 bilhão em recursos distribuídos a estados e municípios para formação de professores, aquisição de materiais didáticos específicos para alfabetização e monitoramento dos resultados. O que diferencia essa política das anteriores, segundo especialistas, é o esforço coordenado e contínuo para criar uma verdadeira cultura de alfabetização baseada em evidências.

O secretário de Educação Básica, Maurício Holanda, não poupou palavras ao afirmar que a alfabetização será o maior termômetro do sucesso educacional do atual governo. "O Brasil não pode mais aceitar que a aprendizagem das crianças seja negligenciada nos anos iniciais. O fracasso na alfabetização é o fracasso de todo o sistema educacional", disse, diante de uma plateia atenta.

A resposta dos articuladores veio em forma de engajamento. Muitos relataram que essa foi a primeira vez que se sentiram parte de um projeto estruturado, com metas claras e suporte real. "Estamos acostumados a receber orientações genéricas, sem escuta, sem diálogo. Aqui, pela primeira vez, sinto que há uma escuta ativa e uma confiança de que somos parte essencial da mudança", contou Luciana Freitas, articuladora de um município do sertão pernambucano.









Ainda há um longo caminho pela frente. Afinal, alfabetizar com qualidade em um país tão desigual é uma tarefa cheia de obstáculos. Mas algo novo começa a se desenhar no horizonte. Uma mobilização que vem da base, mas que tem respaldo técnico e político do topo. Um pacto pela infância que, mais do que prometer, está se organizando para entregar. E talvez, dessa vez, a história da alfabetização no Brasil possa mesmo ser reescrita palavra por palavra, criança por criança.




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