Violência e saúde mental nas escolas brasileiras: um alerta urgente e propostas de ação
Nos últimos anos tem aumentado de forma preocupante a tensão casusada por problemas de saúde mental de professores e estudantes nas escolas do nosso país

Nos últimos anos, o ambiente escolar brasileiro tem enfrentado uma escalada preocupante de violência, afetando profundamente a saúde mental de alunos e professores. Dados recentes revelam um aumento alarmante de agressões físicas e verbais dentro das instituições de ensino, incluindo ataques premeditados, bullying e casos de violência autoprovocada. Esse cenário exige uma análise cuidadosa das causas e a implementação de medidas eficazes para garantir a segurança e o bem-estar de toda a comunidade escolar.
Entre 2013 e 2023, o número de vítimas de violência nas escolas brasileiras saltou de 3.771 para 13.117, representando um aumento de 348%. Metade desses casos envolveu agressões físicas, enquanto 23,8% foram de violência psicológica e moral. Além disso, 2.200 ocorrências em 2023 foram de violência autoprovocada, como automutilação e tentativas de suicídio, um aumento de 95 vezes em relação a 2013.
Casos recentes ilustram a gravidade da situação. Em abril de 2024, Carlos Teixeira, um adolescente de 13 anos, morreu após ser agredido por colegas na Escola Estadual Júlio Pardo Couto, em Praia Grande (SP). O jovem já havia relatado episódios de bullying e agressões anteriores, sem que medidas efetivas fossem tomadas pela direção da escola.
Os professores também são alvos frequentes de violência. A sobrecarga de trabalho, o excesso de burocracia e a falta de apoio institucional contribuem para o esgotamento físico e emocional desses profissionais. Além disso, muitos enfrentam agressões verbais e físicas por parte de alunos, agravando ainda mais o quadro de adoecimento mental na categoria.
Especialistas apontam que a violência nas escolas é um fenômeno multicausal, envolvendo fatores como desvalorização dos profissionais da educação, precarização da infraestrutura escolar, disseminação de discursos de ódio nas redes sociais e falta de políticas públicas eficazes para lidar com conflitos e promover a cultura de paz.
Diante desse cenário alarmante, é fundamental que a sociedade como um todo reconheça que o combate à violência e a promoção da saúde mental nas escolas dependem de ações integradas, contínuas e comprometidas. É preciso investir na formação de professores para o reconhecimento e a mediação de conflitos, garantir suporte psicológico efetivo para alunos e profissionais, além de reforçar o papel da escola como um espaço de acolhimento e desenvolvimento humano. Programas que incentivem o respeito, a empatia e a convivência pacífica devem ser incorporados ao currículo desde as séries iniciais, ao mesmo tempo em que estruturas de apoio social e familiar sejam fortalecidas.
O combate à violência escolar também exige políticas públicas que priorizem a segurança nas unidades de ensino sem recorrer à militarização, valorizem os profissionais da educação e estimulem a construção de ambientes democráticos e inclusivos. A construção de uma escola segura não se resume ao controle físico de acessos, mas ao cultivo de relações baseadas no respeito mútuo e no cuidado com o outro. Somente com ações firmes, intersetoriais e humanizadas será possível reverter esse quadro preocupante e garantir que as escolas brasileiras voltem a ser espaços de aprendizagem, acolhimento e esperança.
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